Ele estava errado. As malas na sala não são para fugir de você e sim de mim. Ainda não terminei de arrumar a bagunça, existem sentimentos em algumas caixas em cima da cômoda. Já peguei todas as cartas, li e reli, deixei as lágrimas escaparem enquanto o alívio vinha tomando o peito. Joguei todas foras, mas não foi suficiente. Não eram elas que me lembravam você. Comprei novos pijamas, suas camisas já não me servem mais. Parei de pintar as unhas de azul e usar brincos de florzinhas. Na estante mudei todos os porta retratos, tirei seus livros favoritos e troquei a ordem dos cds. Esvaziei toda a casa, fiz tudo que disse que não deveria fazer e não adiantou. O problema é que somos um caso mal resolvido. Não vou conseguir me livrar de você mudando de casa.Ontem olhei para as malas e a passagem, vai que o destino inventa de brincar de era uma vez e nos encontramos no ponto de táxi? Eu preciso te dizer adeus do jeito certo para que você realmente possa ir. Mentira, ele estava certo. As malas são para fugir de você sim. Eu também queria ele, mas ainda via você entre as minhas coisas. Na rua, no parque, naquela igreja que resolvemos juntos visitar. É estúpido eu sei, mas onde é que vendo uma daquelas borrachas que apagam tudo? O amor trouxe ele na hora certa, mas você permaneceu dentro de mim na hora errada. Queria poder tirar da cabeça o que não sai do coração e assim seguir em frente, sem bagagens, apenas leve.

     
                

O blog da minha colega de faculdade, Aline Paim, revela um sentimento belo, que nos dias atuais com tantas brigas e desilusões, fica cada vez mais escaço, até na hora da despedida, há uma sutileza que encanta o leitor. Veja o Site de Aline Paim

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